A Qualcomm sempre foi uma das peças-chave da indústria de smartphones. Os seus processadores e modems movem grande parte dos telemóveis topo de gama que conhecemos, e tanto a Samsung como a Apple têm sido clientes fiéis ao longo dos anos. Mas isso está a mudar. E o motivo parece ser claro: preços.
A verdade é que, apesar de ainda dependerem da Qualcomm para componentes de alto desempenho, tanto a Samsung como a Apple já estão a seguir um plano claro para reduzir essa dependência, conforme apontou a análise da página Phone Arena.
A questão do custo pesa — e muito

A motivação principal é fácil de adivinhar: dinheiro. Recorrer a fornecedores externos encarece o processo de fabrico. Só com a série Galaxy S25, a Samsung teve de desembolsar mais de 400 milhões de dólares por ter usado apenas chips Snapdragon. Já a Apple tem-se queixado das elevadas taxas de licenciamento cobradas pela Qualcomm.
É certo que os componentes da Qualcomm continuam a ser tecnicamente superiores às atuais alternativas das marcas, mas os tempos mudaram. A maioria dos utilizadores já não sente a diferença de desempenho no dia-a-dia. E se o utilizador comum não nota, as marcas veem aqui uma oportunidade para poupar milhões sem arriscar a experiência do consumidor.
Samsung insiste nos Exynos, mesmo com resistência

O caso da Samsung não é novo. A relação com a Qualcomm tem sido, no mínimo, atribulada. A marca sul-coreana tem os seus próprios processadores, os famosos (e nem sempre adorados) Exynos. Mas, durante anos, a Samsung recorreu à Qualcomm para equipar os seus modelos Galaxy Ultra com chips Snapdragon em mercados mais exigentes.
A série Galaxy S23 trouxe o Snapdragon em todas as suas versões, enquanto a Galaxy S24 voltou a ter divisões regionais, com modelos Exynos em alguns mercados. Para o Galaxy S25, a marca regressou à exclusividade Snapdragon, num reconhecimento implícito de que o chip próprio ainda não está pronto para o mundo inteiro.
Apesar disso, a Samsung não desiste e está a trabalhar num novo processador Exynos de 2 nm — o Exynos 2600 — que deverá ser usado na linha Galaxy S26. Segundo fontes ligadas ao processo, os problemas de rendimento continuam, mas o sinal parece claro: a Samsung quer, a médio prazo, cortar com a Qualcomm e voltar a apostar tudo nos seus próprios Exynos.
Apple entra na jogada com o modem C1

Do lado da Apple, o movimento é semelhante, mas tem outro foco: o modem celular. A empresa passou anos a tentar livrar-se da dependência da Qualcomm neste segmento e, finalmente, apresentou o seu próprio chip — o modem C1 — nos novos modelos iPhone 16e.
Este modem estava em desenvolvimento há vários anos e, mesmo que ainda não esteja ao nível da solução da Qualcomm, já é suficientemente competente para ser considerado uma alternativa viável. Relatórios indicam que a Apple planeia equipar os futuros iPhones com este modem proprietário, começando com os modelos base do iPhone 17 e com o novo iPhone 17 Air.
A ideia é expandir rapidamente o uso destes modems próprios para todos os dispositivos da marca. A Apple não está para perder tempo e está a seguir o exemplo da Samsung: cortar com fornecedores externos sempre que possível e controlar toda a cadeia de desenvolvimento.
O império da Qualcomm começa a tremer
É claro que a Qualcomm não vai desaparecer do dia para a noite. A empresa é gigante, tem uma base sólida e ainda vai continuar a fornecer chips durante vários anos. Mas há sinais preocupantes. Segundo a Phone Arena, o analista que revelou os prejuízos da Samsung referiu que o futuro da Qualcomm está mais instável do que nunca.
E a própria Qualcomm já confirmou que vai perder uma fatia significativa do mercado com a chegada da nova geração de iPhones. Os modelos base e Air do iPhone 17 vão usar o modem da Apple, e não será de estranhar se os restantes modelos seguirem o mesmo caminho nas gerações seguintes.
A Apple é, de longe, a maior cliente da Qualcomm. Se essa relação terminar, o impacto será profundo. Samsung e Apple não estão apenas a diversificar fornecedores — estão a preparar-se para um futuro em que a Qualcomm já não dita as regras.