É verdade que IA consome mais energia do que alguns países?

Mónica Marques
Mónica Marques
Tempo de leitura: 2 min.

As plataformas de IA generativa e tudo o que se relaciona com esta são assuntos do dia. Mas recentemente a publicação The New Yorker resolveu investigar um ponto menos falado na praça pública, perguntando-se qual é o consumo de energia destes serviços.

A resposta foi surpreendente e mostra que as plataformas IA são devoradoras de energia, num tal ponto que chegam a ultrapassar o consumo anual energético de alguns países.

Os números são alarmantes

imagem alusiva ao consumo de energia pelas plataformas de Inteligência Artificial
Consumo de energia de plataforma IA gera preocupações ambientais Imagem gerada por IA Microsoft Designer

De acordo com a reputada revista norte-americana, o conhecido ChatGPT usa meio milhão de quilowatts por hora, todos dias, para responder aos mais de 200 milhões de utilizadores.

Para efeitos de comparação, a publicação esclarece que este valor é 17 mil vezes mais do que uma residência de classe média, nos EUA, consome por dia.

Mas os números tornam-se ainda mais alarmantes. Basta juntar à equação uma utilização mais ampla da Inteligência Artificial e os valores disparam para números impressionantes.

Alex Vries, um cientista do Banco Nacional holandês, publicou recentemente um estudo na revista Joule que indica que se a Google integrasse IA generativa em todas as pesquisas solicitadas, podia consumir 29 mil milhões de quilowatts por hora, anualmente.

De acordo com a mesma fonte, este valor ultrapassa o consumo anual de energia de países como a Croácia, Quénia e Guatemala.

Alex Vries reforça a ideia da reportagem da publicação The New Yorker, afirmando que “cada servidor de IA pode consumir tanta energia quanto uma dúzia de residência britânicas juntas”.

Estimar consumo total de energia é um desafio

Mas temos de ter em conta que estimar o consumo total de energia das plataformas de IA generativa pode ser um desafio. Tal como o site The Verge explica, o sigilo que envolve as tecnologias das diferentes empresas de IA, juntamente com as diferentes necessidades operacionais de cada grande modelo podem dificultar bastante um cálculo específico.

No que diz respeito ao estudo de Alex Vries, o cientista usou os dados da empresa NVIDIA, que no início do boom de IA apresentou uma projeção.

Até 2027, toda a área de IA pode utilizar uns preocupantes 85 a 134 terawatts-hora por ano. Tal significa que potencialmente pode devorar meio por cento do consumo global de energia.

Ultimamente, o impacto ambiental das necessidades energéticas da IA tem vindo a registar uma crescente preocupação. Alguns especialistas acreditam que para garantir um futuro sustentável, é necessário avaliar o desenvolvimento de IA e consequente apetite por energia.

Mónica Marques
Mónica Marques
Ao longo de mais de 20 anos de carreira na área da comunicação assistiu à chegada do 3G e outros eventos igualmente inovadores no mundo hi-tech. Em 2020 juntou-se à equipa do 4gnews. monicamarques@4gnews.pt