5 erros que ainda cometemos ao carregar o telemóvel

Rui Bacelar
Rui Bacelar
Tempo de leitura: 6 min.

A bateria do nosso smartphone está cada vez maior e, regra geral, sua a autonomia vai melhorando gradualmente. Contudo, ainda cometemos muitos erros que, não só degradam a vida útil da célula, como também acabam por perpetrar alguns mitos e preconceitos como o "viciar da bateria". Queres saber como corrigir alguns dos maus hábitos que podem estar a afetar o teu smartphone?

Apesar de podermos recarregar o nosso smartphone, tablet, computador e praticamente qualquer dispositivo móvel com uma bateria de iões de lítio a qualquer altura, certos erros, certos preconceitos teimam em perdurar.

1. Cabo e/ou Carregador

Em primeiro lugar, o carregador terá de ser compatível para que possa realizar a carga na velocidade máxima suportada, ao mesmo tempo que mantém a integridade da bateria e do próprio carregador.

Não é por acaso que os fabricantes incluem um carregador e um cabo original a acompanhar o dispositivo. Ambos são desenhados e concebidos para trabalhar a uma certa potência adequada às características do produto. Contudo, por vezes o cabo quebra, ou perdemos o carregador e não faltam alternativas, amiúde mais baratas, nas lojas físicas e online.

Carregadores e Cabos não oficiais são, frequentemente mais baratos e, muitos deles, acabam por desempenhar a função. Contudo, não são os mais idóneos ao funcionamento perfeito do teu smartphone e da sua bateria. Aconselho sempre a evitar, ao máximo, a utilização de acessórios não oficiais. Na medida do possível utiliza sempre os acessórios oficiais ou recomendados pela marca.

2. Descarregar totalmente a Bateria

Um dos mitos que ainda perdura é o hábito de deixar a bateria descarregar completamente antes de voltar a carregar o smartphone ou o computador. Evita ao máximo deixar o teu smartphone/PC/tablet, etc, cair abaixo dos 15% de carga. Com a tecnologia de iões de lítio não deves deixar o teu dispositivo chegar a níveis muito baixos de carga.

3. Carregar durante toda a noite

Apesar de atualmente a grande maioria dos carregadores e smartphones possuirem vários sistemas de segurança que cortam o fluxo de energia quando a bateria está totalmente carregada, continua a não ser aconselhável deixar o equipamento ligado à corrente por grandes períodos de tempo.

Apesar de também o fazer, deixo o smartphone a carregar ao fim do dia e, de manhã, ele está totalmente carregado, de acordo com um estudo da Battery University (fonte), esta prática é desaconselhada. De acordo com esta entidade, deveríamos carregar os nossos dispositivos até ao máximo de 90 a 95%, uma carga parcial, portanto.

As vantagens de uma carga parcial (90 a 95%) prendem-se sobretudo com o aumento da vida útil da bateria e seus respetivos ciclos (limitados) de carga e descarga. Pela mesma razão que se deve evitar uma descarga completa, o carregamento completo também não é recomendado.

Aliás, algumas construtoras chegam mesmo a limitar o carregamento total da bateria de uma forma particularmente inteligente. No smartphone é apresentado o aviso de carga total (100%), sendo este um valor artificial, deixando sempre uma pequena margem para que a bateria não seja, efetivamente, carregada na totalidade.

4. Calor ou Frio afetam a Bateria

Tanto o calor extremo como o frio excessivo são duas das principais ameaças para as bateria do nosso smartphone, PC, tablet e afins. Mesmo em situações normais de funcionamento, os nossos smartphones têm tendência para aquecer. Posto isto, evita carregar o smartphone enquanto estás a jogar ou a utilizar o smartphone ao ponto de ele aquecer bastante.

Evita ainda deixar o smartphone, tablet ou qualquer outro dispositivo móvel que utilize uma bateria ao Sol durante o dia. Isto acontece, por exemplo, no automóvel ou em cima da secretária quando nos esquecemos dos nossos gadgets. A temperatura (calor ou frio extremo) afeta consideravelmente a vida útil da bateria.

É ainda de salientar o papel por vezes prejudicial das capas de protecção. Sim, sei que parece um contra-senso mas certamente já repararam que, quando estão a carregar o smartphone, ou a utiliza-lo com uma capa, ele tende a aquecer bastante mais. Estás a isolar o smartphone, impedindo-o ou limitando a sua capacidade de dissipação do calor. Mais uma vez, a temperatura degradará o desempenho e vida útil da bateria. Em suma, se está a carregar, deixa-o respirar.

5. Carregar a Bateria uma vez ao dia

Contrariamente ao senso comum, carregar, totalmente, a bateria uma vez ao dia não é uma prática sensata. De acordo com a Battery University a prática ideal será o carregamento esporádico e intermitente ao longo do dia. Isto é, sempre que tiveres uns 5 a 10 minutos aproveita para carregar o teu smartphone.

Em suma, devemos evitar cargas completas e prolongadas. A bateria dos nossos equipamentos durará mais (vida útil), se a carregarmos várias vezes ao dia, sem grandes preocupações a não ser evitar uma carga ou descarga completa da mesma. Isto porque as baterias de iões de lítio são suscetíveis a saturação.

O que é mAh (miliamperes-hora)?

Quando falamos da capacidade das baterias o conceito "miliamperes-hora" ou mAh surge imediatamente na nossa mente. Mas o que significa este conceito?

Miliamperes-hora ou mAh (abreviatura) são empregues como padrão para o miliampere-hora, uma subunidade de medida usada para identificar a transferência de carga elétrica através de uma corrente elétrica estável de um ampere ao longo de uma hora. Este métrica, caro leitor, não mede diretamente a energia, o potencial energético armazenado na bateria em si. Para isso teríamos que utilizar os joules ou watt/hora. Ao invés, os mAh indicam-nos o tempo de duração das baterias.

Em suma, e para tentar esclarecer este conceito. Quanto maior for o valor de miliamperes-hora, maior será a autonomia do teu smartphone. Mais tempo conseguirás passar sem ter o equipamento ligado à tomada.

Tipos de Baterias

Existem vários tipos (tecnologias) de baterias e como deves calcular nem todas possuem as mesmas características e qualidades. Atualmente utilizamos baterias de iões de lítio ou (Li-Ion) mas os efeitos e "vícios" que as tecnologias anteriores deixaram nas mentes dos consumidores ainda hoje se fazem sentir. Vejamos agora os principais tipos de baterias utilizados nos dispositivos móveis:

  • (NiCd) - Níquel-cádmio: as baterias de níquel foram as primeiras que permitiam o recarregamento e as primeiras a ser empregues em larga escala. Comparativamente com as baterias iões de lítio (tecnologia dominante atualmente), estas células eram muito maiores e mais pesadas. O seu principal problema era a "memória". Isto é, se não utilizasses completamente a carga da bateria antes de a voltar a carregar ela viciaria. Surgiu assim o termo "bateria viciada".
  • (Ni-MH) - Hidreto metálico de níquel: Com o avançar da tecnologia assistimos à substituição do níquel-cádmio pelo hidreto metálico de níquel. Esta mudança criou baterias mais elegantes, mais leves e com maior capacidade (mAh). Acima de tudo o “efeito memória” foi atenuado consideravelmente. Esta tecnologia implicava algumas descargas periódicas antes de um novo carregamento mas não em cada carga como na tecnologia anterior.
  • (Li-Ion) Iões de Lítio: Esta é a tecnologia utilizada atualmente e surgiu com a escolha de um metal ainda mais leve. Consequentemente as baterias tornaram-se ainda mais leves e mais finas. A maior vantagem das baterias (Li-Ion) é a possibilidade de recarga a qualquer momento, não estando sujeitas ao "efeito memória". Por outras palavras, não viciam e podes recarrega-las em qualquer altura.
  • (Li-Polimer) Polímero de Lítio: Em tudo semelhantes às baterias de iões de lítio, esta tecnologia ainda não se popularizou mas apresenta a vantagem de ser mais barata na sua produção.

Esta já não é a primeira vez que tento desmistificar algumas verdades e eliminar alguns mitos sobre a bateria dos nossos equipamentos. Espero que alguns destes conselhos te sejam úteis e espero ter clarificado alguns conceitos.

Rui Bacelar
Rui Bacelar
O Rui ajudou a fundar o 4gnews em 2014 e desde então tornou-se especialista em Android. Para além de já contar com mais de 12 mil conteúdos escritos, também espalhou o seu conhecimento em mais de 300 podcasts e dezenas de vídeos e reviews no canal do YouTube.